terça-feira, 6 de abril de 2010

Tempo Perdido/Pessoas Perdidas

Que mania se gerou entre as pessoas que a culpa nunca pode morrer solteira?
Quando as coisas acabam, tem de vir sempre a culpabilização de uma das partes. Mas afinal que pessoa é esta, que num momento era ouro e que no outro é lixo? Que num momento não tinha defeitos e no minuto seguinte, parece apta pare gerir o Inferno? Ouve- se dizer que geralmente «two become one» (sim eu sei as Spice Girls têm uma música igual!) então, quando essas pessoas se separam, ficarão assim tão incompletas que culpem a outra de tudo aquilo que perderam?
A culpa não morre solteira, sim. Mas desde que se tenha a consciência limpa, ou melhor desde que se saiba quem se foi e aquilo que se fez, o que há de tão incómodo de se dizer que a pessoa com quem compartilhamos alguns dos melhores (que passarão para muitos a ser os piores) momentos da nossa vida, tinha mais defeitos do que aqueles que conseguiríamos suportar?
Obviamente que não vamos fazer das pessoas bodes expiatórios, decerto teremos a nossa quanta parte de culpa no meio de tudo, mesmo que essa culpa seja apenas na forma como nos iludimos a nós mesmos. E, não sei se será anormal, mas a mim fica- me uma espécie de paz de alma quando percebo que não fui eu que fiz a maior parte da borrada. Posso ser uma merda de pessoa, mas ao menos as pessoas sabem aquilo que têm à frente, acho que para o bem e para o mal, sou assim para toda a gente. Portanto, falsidades, para quê? A mentira tem perna curta e para além do mais, eu corro pouquíssimo.
Quanto a ataques emo do estilo: «Perdi x anos da minha vida» ou «Fulano x é uma valente merda», arranja-se logo solução:
Os anos (meses, dias, wtv) que supostamente foram perdidos com uma pessoa que ao fim ao cabo acabou por ser pior do que aquilo que esperávamos, nunca serão perdidos no futuro. Servirão sempre para alguma coisa. Com 20 anos, a quantidade de coisas que me aconteceram para poder dizer que perdi grande parte da minha vida com pessoas que não mereciam ter um segundo dela sequer, e cá continuo eu. O conhecimento que adquirimos ao longo dos anos pode não servir de muito, visto que mais cedo ou mais tarde acabamos inevitavelmente por cometer erros semelhantes, mas enquanto estamos numa espécie de rescaldo, enquanto temos a sanidade mental ao máximo, não sei se será apenas comigo, dá um prazer enorme ir para a cama e adormecer sem um peso na consciência, aquele peso que geralmente atribuímos às pessoas «más». E isto pode parecer extremamente estúpido mas eu gosto de ter um sono descansado!
Quanto à segunda afirmação, as pessoas merdosas, são -no do principio ao fim da vida, salvo raros casos que mudam para melhor ou pior, consoante a inclinação que receberem na vida. É indiscutível que cobrimos a merda com ouro quando gostámos de alguém. É indiscutível que tapamos os olhos vezes sem conta, para não vermos aquilo que não queremos ou para não vermos aquilo que está mesmo à frente dos nossos olhos. Mas, de certa forma, as pessoas não ganham uma carrada de defeitos de um dia para o outro. É mais a nossa «dor de corno» a falar. Custará assim tanto admitir que até mesmo as pessoas imperfeitas podem proporcionar momentos perfeitos? Não é crime aproveitar a vida com as pessoas erradas, por muito que elas nos tenham parecido aquilo que procuramos toda a vida.
«Enquanto não encontras a pessoa certa, vai- te divertindo com as erradas.»

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