sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Estado Da Situação

"Ah e tal não sei quê, fulana inscreveu-se no centro de emprego e arranjaram-lhe um part-time e ela agora consegue pagar as propinas..." - disse-me a minha mãe sobre uma minha amiga de infância.
Tenho pena de ainda não ter feito ver aos meus pais, mas principalmente à senhora minha mãe [por que os meninos são das mães e as meninas são dos pais], que não quero ficar aqui. Não me interessa inscrever-me em cursinhos da tanga ou ter propostas de emprego de fazerem vir as lágrimas aos olhos de tanto rir. Não me vejo a ter um emprego de tanga aqui. E ter de me inscrever em tal instituição só para fazer a vontade aos paizinhos, não está nos meus planos pois cada dia que lá passar inscrito só lhes irá alimentar esperanças a eles e fazer-me perder a paciência a mim.
A única razão pela qual estou a adiar tudo é a emissão do meu certificado de licenciatura, por que senão já estava a ultimar os preparativos para me ir embora. 
Acredito que para os meus pais esta minha vontade de me ir embora seja encarada de forma leviana. Talvez por que sabem que não tenho perspectivas em nenhum lugar e seria muito louco se lhes dissesse que sim e voltasse passado pouco tempo com o rabinho entre as pernas.
A vontade que tenho de ir para o Reino Unido, se não o é, provavelmente irá começar a parecer suspeita para eles pois desde há muito tempo que afirmo querer visitar terras de Sua Majestade e podem ver este meu desejo como uma mentira deslavada para passar uns dias sem supervisão parental e depois voltar para casa com os bolsos mais vazios. Mas nesta altura do campeonato não há outro local para o qual me imagine a ir. Tenho-me arrependido de não ter tirado um curso que englobasse um ou outro idioma estrangeiro [Espanhol, Italiano, Francês] pois dominar três idiomas ser-me-ia de grande utilidade [o meu Castelhano é irrisório e nem irei falar do meu Francês] e ampliaria o meu leque de possibilidades.
Edimburgo continua a ser o local para o qual desejo emigrar pois tenho pelo menos uma coisa certa e neste mar de incertezas dou-me por feliz por ter um factor a contrariar tal tendência.
Não sei é como ou quando se irá fazer tal mudança. Para já é o maldito certificado que me está a atrasar os planos mas e depois? Será a minha cobardia, a casmurrice dos meus pais? O aumento das viagens de avião? Voltarão os tempos da PIDE? Não sei honestamente.
A minha mãe acredita que demorarei algum tempo para arranjar alguma coisa aqui e por isso não está muito preocupada. Mas quanto tempo? Um mês? Dois? Três? Quando o meu pai esteve desempregado disse que uma das coisas que mais lhe custava era saber que estava em casa sem fazer nada, e a mim igualmente. 
Depois é temer que estes conhecimentos de inglês que agora parecem tão bons sejam verdadeiramente anedóticos fora de portas.  E isso irá custar-me imenso por que quando nos dizem que somos maus em algo que pensámos ser exímios é pior do que nos dizerem o mesmo sobre algo que nada representa para nós. E depois fica sempre aquele vazio por preencher.
Tenho-me informado e provavelmente segunda-feira irei à embaixada informar-me sobre a papelada necessária mas sinceramente é algo que não queria fazer por que já sei como ocorrem as cosias por aqui. Muita coisa ao início, muitos foguetes, muita festa e depois não dá em nada e eu faço o que sei fazer melhor, ou seja, figura de otário.
Se alguém precisar de aulas de otarismo que avise, faço preços simpáticos.

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