domingo, 8 de outubro de 2017

Coisas Que Arruinaram Um Fim-De-Semana Dito Romântico

AVISO: No meio da desgraça encontra-se alguma badalhoquice.


O encontro anunciado AQUI aconteceu mesmo. Era tudo tão bom que acabou por correr (quase) tudo mal. Não para o H, que de nada sabe das minhas taras (nem tem de saber, pois são taras) mas para mim que a cada coisinha má que acontecia acrescentava uma pedrinha na minha latinha do "I'm So Done With This Shit" até atingir o número vergonhoso que me permitiu pedir-lhe para me levar embora dali. Até a minha forma pseudo-humorística de contar como tudo se passou é horrorosa. Sinto um bocadinho (muito) de nojo por estar a escrever isto mas sinto que se não escrever tudo o que correu mal (e que já enumerei tantas vezes na minha cabeça) dou em tolo.

A casa (andar dele)... A casa dele... A vista era linda.... Da varanda conseguia ver o mar e foi a ver o mar e com um livro que vi o pôr-do-sol mais bonito de que me lembro. Acho que nunca tinha prestado tanta atenção a uma coisa daquelas... Deu-me tanta calma, uma paz de espírito tal, que acredito ter sido essa mesma paz que me impediu de ter desabado com todas as coisas más que o antecederam (e precederam).

A VERGONHA DO FILHO

Pouco (ou nada) sabia da vida do H, por isso foi com surpresa que acolhi as fotos de um miúdo que pululavam por todo o lado. Não era necessário ser-se Daniel Craig 007 versão calção-de-banho azul para perceber que aquele miúdo era filho dele (embora actualmente ronde mais ou menos a minha idade). Não obstante era o quarto do filho que o H tinha "preparado" para eu dormir, mas a isso chegarei noutro capítulo não menos deprimente deste calvário.


" - Mas Logan, para que te interessa saber se o homem tem um filho? Não precisas disso para teres o homem na tua cama..." - dizem pessoas sensatas como vocês leitores.

Claro que não. Mas senti-me um miúdo, um puto ao lado de um homem que podia bem ser meu pai mas que estava ali para que eu me pudesse deitar com ele.

A VERGONHA DO ACTO SEXUAL

Não tardou muito para que tal acontecesse. Foi logo depois do almoço (para o qual eu nada contribui, assim como o jantar, sendo o típico hóspede de sala).

Contra as paredes contíguas da cozinha até à cama, num quarto sem estores, persianas ou algo que impedisse o calor estival em pleno Outono de entrar pela divisão dentro. Há um misto de ternura e desejo que poucas pessoas conseguem conjugar com destreza. Ele consegue. O que demorei para entender aqueles beijos... Quantas vezes terminei em bicos de pés ou quase a desfalecer no chão por não conseguir aguentar mais um rodo de língua?

" - Por que estás sempre a dizer que "não pode""? - perguntava-me ele a rir-se....

Não podia ter aquilo à minha frente. Aquele corpo que eu já sabia como era mas que nunca tinha tido oportunidade de explorar. E conseguia ver na cara dele que o que quer que estivesse a fazer, estava a fazê-lo bem.  Se assim era por que é que da minha parte não havia reacção alguma? Eu que já não sabia para que lado virar a cabeça à procura de ar que me era roubado em alguma parte do seu corpo.

Diversas vezes ele disse durante estes dias que estava todo podre por dentro. Eu é que estava. Com uma gripe mal curada, uma hemorróida que tão cedo não desaparecerá e um estômago que volta e meia dava mais dores do que as sentidas no orgulho, não sabia o que me consumia mais.

Tinha tudo que queria à minha frente e mesmo assim, nada... Ele, por sua vez, deitou tanta coisa para fora que duvidei que fosse eu o causador de tudo aquilo...

A VERGONHA DA TARDE

Findo o prazer diz-me que precisava de ver uns trabalhos relativos à Universidade. O que era suposto dizer-lhe? Que não o fizesse? Ia dar uma volta à praia sozinho qual bixa solitária numa zona em que não conhecia porra nenhuma? Ainda me perguntou se queria ouvir música ou ver tv mas declinei. Por sorte tinha levado “A Espia da Rainha” já a contar que pudesse acontecer tal coisa e foi o que me valeu. Não sei quantas páginas li durante a tarde. Mas foram muitas. Comecei com o sol a pique e terminei quase com o céu escuro como bréu. Foi a altura em que me disse começar a fazer o jantar.

A VERGONHA DO JANTAR

Vocês, leitores mais acérrimos do blogue, lembram-se de uma bebedeira que apanhei há uns dois anos? Se não se lembram, recordem-na AQUI (ou não o façam, por que esta foi quase igual). Os que não frequentavam o blogue por essa altura, leiam se quiserem. É uma fantástica leitura de WC.
Mas voltando ao que NÃO interessa, eu não bebo muito, não bebo quase nada. Até tinha prometido cá em casa não abusar no álcool durante estes dois dias. E não abusei! Dois copos de Casal Garcia foram o bastante para já sentir as pernas bambas e ter a consciência que a conversa (maioritariamente feita por ele e sobre assuntos completamente banais) iria descambar se eu começasse a falar e a abanar a cabeça. Mesmo estando ciente disso (por que tive de lhe dizer) ainda me quis convencer a ir para um barzito numa praia das redondezas, ao que acedi. Por incrível que pareça nada de mal aconteceu, talvez por ter tido o bom senso de não beber nada lá. E por ter reparado que no meio da pitalhada e gajos que por lá andavam nenhum chegava aos pés dele. Finda uma cerveja e um fino voltámos para casa. Por que depois de uma pausa a vergonha tinha de continuar.

A VERGONHA DA NOITE

Já em casa, mais uma cerveja, um ou outro cigarro já dentro de casa decide-se por unanimidade que era hora de ir para a cama. A escolha do quarto é que não foi unânime.

" - Já me disseram que ressono muito alto, e eu sei que ressono, o que incomoda as outras pessoas, por isso era melhor dormires no quarto do meu filho..."

Tendo eu um pai que é uma réplica humana de um comboio a vapor, sei bem o tormento que é levar com roncos descomunais num quarto contíguo. Mas estava cego demais pelo desejo de estar com ele para optar ficar no quarto ao lado. Tal não importou enquanto a brincadeira durou por baixo dos lençóis mas assim que o fogo se apagou e ele começou a dormir foi digno de gravação audio. Aquilo era muito, muito alto. Para piorar, cada um de nós só conseguia dormir numa determinada posição e mesmo sabendo disso só mais tarde lhe contei o quão burros fomos por termos compactuado em dormir juntos mesmo sabendo que não o conseguiríamos fazer pacificamente.
Não me lembro de quantas vezes acordei, de quantas vezes fui à casa-de-banho. Só sei que quando vi a aurora raiar e pouco depois o seu telemóvel tocar pensei que o calvário nocturno fosse terminar. Mas não foi o caso. Tendo dormido tão mal (ou pior) do que eu, pediu-me para dormir mais um pouco e eu acedi. Só não fiz o mesmo por que depois de acordar de manhã, dificilmente consigo voltar a pregar olho. Por isso levantei-me, vesti-me e fui mais uma vez para a sala, ler até que a vista me doesse, o que deve ter levado umas duas horas, até ele se ter levantado e declarado que eu me poderia ter servido do que quisesse. Eu não queria nada. Queria-o a ele. E quando o tinha, não sabia o que fazer com ele...
Depois de irmos comprar pão e visto que não se calava com a praia, acedi ao seu pedido e com uns calções emprestados (que graças a Deus não me caíram) lá fomos.

A VERGONHA DA PRAIA

Não me caíram os calções como vos disse. Caí eu, impelido por uma vaga no meio do mar. A coisa boa foi ele não ter notado. E eu ter notado o esforço colossal que fiz para não lhe saltar em cima ao vê-lo em preparos de praia. Acho que foi a parte mais molhada do dia. Isso e os meus boxers, que não tive a inteligência de tirar. E a pensar que tinha levado um par suplente que não encontrei, passei o resto do dia com aquilo tudo a badalar. Só para chegar a casa e encontrar uns boxers bem escondidinhos no fundo da mochila, como eu os tinha posto antes de ir.

Voltando a casa e já almoçados, eu estava por um fio para lhe dizer o que vos digo agora. Mas queria ir para casa para evitar mais merda. Por isso o seu trabalho surgiu como a desculpa perfeita para me põr a andar. E qualquer despedida que se preze envolve....

A VERGONHA DA DESPEDIDA

Um beijo. Que se tornou em mais um beijo. Numa mordida. E quando dei por ela, estava eu todo vestido com ele de joelhos a mamar-me. Sabia que se dependesse de mim ele ia mamar mais naquilo do que eu mamo nas gomas que compro na Hussel. Por isso cheguei a um ponto em que tive de o mandar parar, por não aguentar ter de adicionar mais uma desilusão rol. Não aguentava mais.
Durante a viagem pouco ou nada falei. E ele soube notar-lo e dizê-lo. Não me quis comprometer. Até ao fim. Até mesmo no momento em que ao fechar a porta me pergunta:

" - Vamos falando?"
" - Vamos?" - respondi-lhe eu com outra pergunta.

Ele é demasiado educado para continuar a falar comigo. Eu sou demasiado cobarde para continuar a falar com ele. Eu tenho demasiada vergonha de tentar o que quer que seja com ele uma vez mais. Ele é capaz de pensar o mesmo mas não mo dizer. Vai ser mais um caso que se irá desvanecer em pó provavelmente....
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Não querendo desvalorizar toda a seriedade inerente a tudo acima descrito esta é a parte mais séria e que aborda toda uma dúvida que me atormenta. O que se passa? Esterilidade? Demasiado solo player? Renegação de uma relação normal em prol de ser só um escravo sexual? Problemas sexuais? Até já pus a hipótese de ser hetero e não o saber. Será que aos trinta irei descobrir uma heterossexualidade que não sabia que tinha?

Se chegaram até aqui sem batota, obrigado por lerem. Obrigado :)

2 comentários:

  1. Quantas dúvidas ... deixe-as de lado e aprecie sem moderação tudo o se deve apreciar meu caro.

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  2. O que eu me rio com este canto :) és um must :)

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